segunda-feira, 4 de julho de 2016

FREUD: O MAL-ESTAR NA CULTURA






































A cultura é algo com que devemos nos preocupar? Mas afinal, o que seria cultura? Qual a importância dela em nossas vidas? E a influência? Atualmente podemos encontrar alguns conceitos/definições para palavra “cultura” no dicionário de língua portuguesa: 1“conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social, 2“conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento espiritual; instrução, sabedoria”, 3“requinte de hábitos e conduta, bem como apreciação crítica apurada”, entre outros, esses conceitos/definições estão normalmente voltados para as mais diversas áreas do conhecimento tais como: agronomia, antropologia, biologia e sociologia. No post dessa semana tive por base a leitura de alguns capítulos do livro “O mal-estar na cultura” de Sigmund Freud que aborda o tema cultura e faz uma observação dos subtemas relacionados a ela, são eles: religião, arte e ciência, é claramente perceptível que não é um tema fácil de abordar pois engloba diversos fatores da vida social e individual das pessoas, falar sobre esses assuntos causa um alvoroço em nosso meio. Freud trata deles de uma maneira que na época em que o livro foi redigido não se tratava e que ainda hoje é um tabu perante a nossa sociedade.
O autor começa o segundo capitulo da obra abordando religião, pode-se dizer que ao tratar de cultura a religião é um dos temas mais abrangentes. Freud busca tratar afundo o sentimento religioso, segundo ele o motivo pelo qual as pessoas se envolvem tanto com a religião seria por que encontram um “remédio” (auxilio) que lhes é proporcionado para as suas dores, frustações, enigmas, uma resposta para aqueles que buscam uma razão para viver... é feita a essas concepções uma crítica pois parece que para Freud as coisas se resumirem a isso era insustentável. Em seguida ele nós falar um pouco sobre artes e as trata como distrações. E ainda ressalta que existem perguntas sobre a finalidade da vida que somente a religião pode responder.
Você já parou para pensar qual é o propósito de sua vida? Provavelmente você vive a procura de um, ou já possui um no qual direciona sua existência. Freud faz esses dois questionamentos:1º “O que os próprios seres humanos, através do seu comportamento, revelam ser a finalidade e o propósito de suas vidas? ” 2“O que exigem da vida, o que nela querem alcançar? ” A resposta dada pelo autor é “eles aspiram à felicidade, querem se tornar felizes e assim permanecer”, e é a partir desse momento Freud vai tratar a fundo a “felicidade” segundo ele “a ausência de dor e desprazer, por outro, a vivencia de sensações intensas de prazer” é o que caracteriza a felicidade do ser humano. Nessa busca da pessoa em ser feliz a autor aponta diversos caminhos nos quais muitos encontram mesmo que em um curto prazo a tão cobiçada maneira de evitar o sofrimento, segundo ele o químico (que proporciona imediatas sensações de prazer) é um dos refúgios, trata também da vida oriental (Freud trata essa escolha pela vida oriental como um sacrifício a própria vida) as duas categorias citados pela autor já foram tratadas individualmente aqui no blog nos posts:  “Drogas e suas interfaces” e “Meditação: uma forma de educar a mente” o primeiro tratando da relação de químicos na vida de determinada pessoa e o segundo abordando a vida de um oriental. O que é segundo o autor a felicidade é uma proteção contra o sofrimento. Dando sequência Freud nos fala do amor e como o fato de um amor correspondido é algo que nos deixa feliz, porem o enfoque do autor voltasse para o quanto nos tornamos frágeis e desprotegido quando amamos.

No terceiro capitulo é quando Freud faz realmente afronta a cultura: “seriamos muito mais felizes se desistíssemos dela e retornássemos ás condições primitivas”. Ele ainda ressalta que independente do conceito de cultura há uma relação dela com a tentativa de nos protegermos do sofrimento, e isso é pertencente a ela. Também é tratado neste capitulo dos “ideais culturais” (frustações que a sociedade impõe) e do “homem aculturado” que se presta a estes ideais. Segundo o autor a cultura tem duas funções a primeira é proteger o homem contra a natureza e a segunda regular as relações dos homens entre si (pelo que pude entender quando o autor fala de natureza é estar colocando a Terra a seu serviço e quanto as relações se referem aos instintos e impulsos do homem). Segundo Freud “a beleza, a limpeza e a ordem ocupam evidentemente uma posição especial entre as exigências culturais”, tais exigências são importantes para entendermos o que o autor entende por cultura. Relações sócias, senso comum, sublimação e hostilidade, estes termos também são citados pelo autor para tratar das relações que envolvem cultura.
No quarto capitulo o autor aborda o amor, a família e a convivência dos seres humanos. Trata do amor como um fundamento da cultura e fala do habito que o homem adotou de formar famílias. O autor liga o amor a necessidade (Eros e Ananque) e segundo ele estes seriam os pais da cultura humana. A cultura impõe limitações ao amor, limitando ao homem e a mulher, Freud fala sobre um amor genital no qual o homem tem a mulher como um objeto. Surgem as muitas limitações para o amor e estas vêm através de tabus, costumes e leis já preestabelecidos pela sociedade. O quinto capitulo vem falar um pouco mais sobre a cultura que impõe limites ao homem, que diz o que ele deve fazer com sua vida, como deve agir, quem pode amor, ela exige muitos sacrifícios, porem tudo isso traz uma certa segurança para o homem. Freud segue o sexto e sétimo capitulo com a mesma linha de raciocínio para ele “a cultura é um processo a serviço de Eros (amor), que deseja reunir indivíduos humanos isolados, depois famílias, então tribos, povos e nações em uma grande unidade, a humanidade” (p.141).
Este texto possui assuntos muito amplos e podemos relaciona-lo com todos os textos presentes nesse blog e principalmente com temas: obediência, tédio, drogas, suicídio, DSM, determinismo e etc. Se pensarmos na ótica freudiana são todos sintomas de mal-estar na cultura. O Brasil é considerado um país com uma grande diversidade cultural talvez possamos relacionar isso com seu extenso de território, um texto com o qual pudemos relacionar o de Freud e também para trazer um pouco para realidade brasileira é:  “Três Pontos Positivos e Três Pontos Negativos sobre a Cultura Brasileira”, artigo escrito por um estrangeiro residente em nosso país transcreve pontos positivos e negativos com relação a cultura brasileira. As vezes nos deparamos com pessoas falando mal de culturas alheias a nossa, vemos um grande etnocentrismo e uma xenofobia relacionadas a isso, mas também nos deparamos com outras falando bem, achando interessante, muitas até começam a estudá-las mais afundo. É difícil ver pessoas repensando sua própria cultura ou criticando, é um assunto com o qual não nos preocupamos, Freud fez esse alerta a anos e ainda hoje as coisas continuam parecidas com os relatos dele, muita coisa mudou, porem a mudança não pode parar, é necessário repensar cultura.
Indico a leitura do texto base o do Freud, e também outros com assuntos relacionados a cultura Cultura, culturas e educação” e “Significado de Cultura” o primeiro como o próprio título já diz fala um pouco de cultura e educação já o segundo não é bem um “texto” é uma explicação do que é cultura e expõe alguns tipos (obs: atualmente). É interessante a leitura desses textos para abranger um pouco mais sobre o assunto.

Referências
Freud, S.O mal-estar na cultura. Porto Alegre:L&PM
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=cultura Acesso em 04/07/16
Três Pontos Positivos e Três Pontos Negativos sobre a Cultura Brasileira
Cultura, culturas e educação
Significado de Cultura











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